A antiga oficina de tamancaria do "Zé Caseiras" foi lembrada na representação de Padornelo, participando no cortejo dois descendentes dessa personagem de antanho.
Este é um artigo há muito pensado, mas que por um motivo ou outro, só agora é publicado. Em cada Feira Mostra, lembramo-nos que falta um artesão que marcava sempre presença desde a primeira edição, falamos de Gaspar da Cunha Rocha, Gaspar do Manata, natural de Cossourado, onde nasceu em 23 Fevereiro de 1934, e desaparecido no nosso meio em 23 Julho de 2008. A acompanhá-lo onde quer que fosse víamos a sua esposa, Maria de Lima Saraiva, que também já partiu deste mundo terreno. Dono de um carácter único, humilde, conhecedor das tradições, Gaspar antes de mais foi um lutador, distintivo que o levava a superar a grave deficiência motora que o atormentava desde tenra idade. Com notável mestria transformava pedaços de madeira em calçado, produtos com os quais ganhava a vida, e numa fase avançada da sua vida dedicou-se também à elaboração de miniaturas que representavam principalmente as fainas agrícolas de outrora. Quanto nos deleitavam as visitas à sua oficina!
Em 2009 recordámos a sua obra artística através da exposição “Paredes de Coura – Território com Alma: Gaspar do Manata, um artesão courense” que esteve patente ao público no Centro Cultural de Paredes de Coura.
É precisamente esta apresentação que não nos tem saído do pensamento desde então, e vamos directos ao assunto. Porque não transformar esta exposição, numa mostra permanente? Em terras de Cossourado, pois claro, se fosse possível junto da capela de São Bento da Porta Aberta. Quantas vezes não visitamos templos por esse Portugal fora, e não raras vezes há espaços museológicos em edifícios anexos, seria um motivo acrescido de visita. Lançamos a semente, esperamos vê-la brotar e dar frutos.
in Jornal Notícias de Coura, 19 de Junho de 2012