PAREDES DE COURA - TERRITÓRIO COM ALMA

Aconteceu o que tanto temia há anos, um dos meus maiores (senão o maior) receios, a perda da avó paterna, a matriarca que tanto amor devotava pela família. Adormeceu em Deus serenamente, ela que era tão devota, após ser apoquentada pela falta de saúde nos últimos meses de vida. Não sei se é pelo gosto pessoal por História, ou por outro motivo, que sempre me habituei a ver a família como uma monarquia, onde ela, após o perecimento de seu marido, era a figura máxima: respeitada e querida por todos, a rainha-mãe, e a sua casa o nosso castelo onde todos tinham guarida e, tal como uma nascente de um rio, era fonte de vida e alegria. Como será agora? Recordados das suas expressões, dos seus conselhos, da sua forma de ser, da saudade que por ela sentimos, procuraremos estar unidos na diversidade, como sempre! Não morre quem permanece no nosso pensamento e no coração, apenas partiu primeiro, e um dia lá nos encontraremos na eternidade para voltar a ser afagado por suas mãos e receber beijinhos repenicados. Em Agosto, em 23, a família reunia para festejar o seu dia de aniversário, era um verdadeiro natal fora de época. Em Agosto comemoramos, em Agosto comemoraremos…

Refletindo e procurando uma explicação para o sucedido, não posso terminar sem mencionar São Francisco de Sales, cuja memória litúrgica se comemora a 24 de Janeiro (curiosamente a data da despedida da Bó): "Ó Deus, como serias pequeno se a minha inteligência pudesse compreender-Te".

Até sempre, o teu Néu!

in Jornal Notícias de Coura, 03 de Fevereiro de 2015