Por ocasião das solenidades da devoção das XL horas que se realizaram no passado mês de Março na Capela do Divino Espírito Santo em Paredes de Coura, foi apresentado aos fiéis ali presentes, o painel do camarim depois de aturados trabalhos de restauro.
A tela cuja pintura é alusiva ao Pentecostes (descida do Espírito Santo), encontrava-se alojada no coro alto da Capela desde as obras de restauro do Templo (solenemente inauguradas a 5 de Maio de 1991 pelo então Bispo de Viana, D. Armindo Lopes Coelho).
O seu estado de conservação não era o melhor, devido às condições precárias de acondicionamento, estando enrolada e colocada num local com bastante humidade, fazendo com que muitos não acreditassem na sua recuperação e que um dia voltasse a ser exposta no altar-mor. O tecido do painel estava completamente deteriorado, bastando um pequeno toque para se observar a sua desintegração.
Quando foi retirado do altar-mor em finais dos anos 80, já era difícil a percepção da pintura devido à acção do fumo das velas, da oxidação dos vernizes, de alguns rasgões, entre outras patologias. Ao longo de décadas a tela sofreu danos irreversíveis: perfurações, rasgões, perda de policromia (perda de pintura em mais de 50%), colagens de tecidos com grude em toda a sua extensão, manchas de humidade e destacamentos ao nível dos vários extractos que tornaram esta pintura um verdadeiro desafio ao nível do restauro.
Durante 6 meses de trabalho permanente, a peça de arte foi brilhantemente restaurada pela empresa OCR – Oficina de Conservação e Restauro, sediada em Viana do Castelo desde o ano de 2005. O trabalho dos técnicos da OCR, distribuído por várias fases, conseguiu restabelecer a dignidade da pintura e refazer um pedaço da história perdida na memória de um povo.
Refira-se que em 2007, foi requalificado o espaço exterior da Capela do Divino Espírito Santo, com um forte investimento do Município de Paredes de Coura. No mesmo ano, aquando a realização das Festas do Concelho, foi inaugurado o órgão de tubos da Capela apôs obras de conserto e restauro.
Recorde-se que a 21 de Agosto de 1873, foi concedida o título de Real à Confraria do Espírito Santo de Paredes de Coura, e passados três anos a Nunciatura Apostólica de Lisboa concede à Real Confraria o privilégio de ter o Santíssimo Sacramento na sua capela. Por provisão do Arcebispo Primaz de Braga, em 15 de Janeiro de 1879, a capela do Espírito Santo de Paredes de Coura passou a dispor dos Santos Óleos para os sacramentos religiosos.
A Real Confraria do Divino Espírito Santo foi, provavelmente, a mais importante irmandade do país, chegando a somar mais de 100.000 irmãos confrades.
A sua fundação perde-se nos tempos imemoriais, sendo anterior ao Breve Pontifício do Papa Paulo V, datado de 1607, pelo qual foi anexada à Confraria do Espírito Santo de Roma.
Nota: É com imensa alegria que vemos esta obra de arte restaurada, por diversas vezes neste blogue e nos orgãos de comunicação com os quais colaboramos, tinhamos apelado à sua conservação e restauro. Não nos cansamos de dizer que o Templo do Divino Espírito Santo merece todos os cuidados e atenções, a História de Paredes de Coura está intimamente ligada ao pulsar da Real Confraria e à devoção ao Divino Espírito Santo.
Fonte do Pelicano
Por ocasião da solenidade das XL horas, que decorrem até amanhã na Capela do Divino Espírito Santo, publicamos uma imagem de uma das fontes do escadório situado no adro desse templo. Trata-se da fonte do pelicano, ave que simboliza a Igreja (em tempos idos acreditava-se que o pelicano alimentava com o próprio sangue os seus filhotes, em analogia com a Igreja).
Foto nocturna da "Fonte da Sabedoria" (obra do Mestre José Rodrigues), colocada no exterior do Centro Cultural de Paredes de Coura em 1997.